Brasil e China devem alinhar sistemas regulatórios
A soja é o principal produto agrícola exportado do Brasil para a China

Geraldo Berger, vice-presidente de assuntos regulatórios da Bayer para a América Latina, afirma que Brasil e China devem “alinhar sistemas regulatórios”. De acordo com ele, esse o é fundamental para que as novas soluções e tecnologias desenvolvidas cheguem até o produtor rural e garantam a sustentabilidade do sistema.
A soja é o principal produto agrícola exportado do Brasil para a China, representando mais de 60% das importações chinesas, e a maior parte desse volume conta com os benefícios da adoção de biotecnologias e soluções inovadoras para cultivos. Na última década, a adoção de biotecnologia no Brasil resultou em um aumento de 21,2 milhões de toneladas na produção de grãos, segundo a consultoria Agroconsult, contribuindo para a segurança alimentar dos países que importam alimentos do Brasil.
Além disso, a biotecnologia injetou um valor adicional de R$ 295,7 bilhões na economia brasileira desde a primeira aprovação de planta transgênica no país há mais de 25 anos. Essa evolução resultou em reduções significativas de emissões de CO2, uso de água e pesticidas.
“Graças à adoção de novas tecnologias, o Brasil deixou de ser importador e se tornou exportador e um dos principais líderes na produção mundial de alimentos. No entanto, devido às características do ambiente tropical, existe um maior número de gerações de pragas, plantas daninhas e doenças, o que implica na necessidade de proteção dos cultivos e da utilização de diferentes táticas de controle e de um programa de manejo de resistência”, ressalta o vice-presidente de assuntos regulatórios da Bayer para a América Latina.
De acordo com ele, investimentos significativos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) continuam a ser realizados para trazer inovações que promovam o crescimento contínuo da agricultura brasileira. “Para que essas soluções sejam disponibilizadas de forma segura e sustentável, é fundamental que os sistemas regulatórios do Brasil e de outros países produtores ou consumidores, sobretudo a China, sejam eficientes, robustos e alinhados”, explica Berger.
Segundo o executivo, a cooperação bilateral para reduzir os tempos dos processos regulatórios entre ambos os países é fundamental, e oportunidades de conversas técnicas entre o Brasil e a China são bem-vindas.
“Atualmente, o lançamento comercial no Brasil de uma planta desenvolvida pela biotecnologia só ocorre após as aprovações pelas agências regulatórias de países importadores, principalmente a China, que tem uma média de aprovação de aproximadamente cinco anos após a liberação comercial no Brasil”, afirma o vice-presidente.
Geraldo Berger aponta que “isso gera atrasos no lançamento de novas soluções no mercado e impossibilita que o nosso agricultor tenha o a essas biotecnologias tão logo sejam aprovadas no Brasil pela CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança)”.
Alguns exemplos, detalha o executivo, são as novas biotecnologias de soja MON 94637 (SIP3) e MON 94313 (HT4), além do milho MON 95379 (LEP4). Ele classifica essas soluções como “essenciais para promover a sustentabilidade da produção agrícola brasileira.”
O executivo defende um caminho de colaboração e diálogo estreito entre as autoridades regulatórias e cientistas dos dois países para assegurar que as aprovações regulatórias de novos eventos de biotecnologia ocorram de forma concomitante. “Assim, agricultores poderão ter o oportuno às inovações mais avançadas e sustentáveis para a agricultura, contribuindo, consequentemente, com a segurança alimentar”, conclui.
Aproximação Brasil x China
Francila Calica, líder de relações institucionais, ciência e sustentabilidade da divisão agrícola da Bayer para a América Latina, relembra que a aproximação com o mercado chinês é evidente no campo. “As exportações brasileiras para a China continuam a crescer expressivamente, contribuindo decisivamente para a segurança alimentar de nossos parceiros. A demanda chinesa tem impulsionado a revolução no agronegócio brasileiro”, afirma a executiva.
“Para atender a essa crescente demanda por alimentos, o uso da biotecnologia na agricultura, aliado a outras tecnologias modernas e conservacionistas, é essencial para garantir a segurança alimentar e a sustentabilidade. O Brasil é uma das poucas potências agrícolas capazes de realizar duas a três safras na mesma área de forma sustentável, mesmo enfrentando uma pressão de pragas e doenças maior que em países de clima temperado. Novas soluções de biotecnologia são cruciais para manter a agricultura brasileira pujante e como um dos principais fornecedores de alimentos no cenário mundial”, diz Francila.
Investimento em inovação e soluções
Na avaliação da Bayer, o futuro depende de investimentos intensivos em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D), com tecnologias e produtos que elevem a produtividade e a segurança alimentar. Em 2024, a multinacional investiu globalmente mais de 2,6 bilhões de euros em P&D para o desenvolvimento de novas sementes e biotecnologias, ferramentas de proteção de cultivos e soluções digitais.
Um dos principais destaques da estratégia de inovação da companhia é o conjunto de biotecnologias de próxima geração que prometem aumentar a produtividade, a rentabilidade e facilitarão o manejo nas lavouras, adicionando novas características de proteção contra pragas e tolerância a produtos de proteção de cultivos. Ela lembra que a Bayer foi pioneira na introdução da primeira biotecnologia de soja no país, a Roundup Ready, seguida pela Intacta RR2 PRO e, mais recentemente, pela Intacta2 Xtend, que oferece proteção contra as principais lagartas da cultura da soja e um controle mais flexível de plantas daninhas, com tolerância ao glifosato (pós-emergente) e ao dicamba (pré-emergente).
A companhia, ressalta, se prepara para as próximas evoluções da plataforma Intacta, que reforçarão e expandirão a proteção contra as principais lagartas que afetam a cultura da soja, além de tornar o manejo de plantas daninhas mais flexível. A terceira geração de Intacta está praticamente pronta, enquanto a quarta geração está em fase de desenvolvimento nas estações experimentais da Bayer no Brasil.
Em milho, a Bayer lançou em 2021 a plataforma VTPRO4®, com três modos de ação na parte aérea e dois na raiz, proporcionando proteção contra as principais pragas. O próximo o será a quinta geração da biotecnologia, com proteção ampliada contra lagartas, incluindo a lagarta-do-cartucho, que pode gerar perdas de até 60% em casos extremos. Essa nova geração contém dois novos modos de ação, conferindo mais proteção e durabilidade, além de ser uma ferramenta de manejo para o agricultor.
Adicionalmente, a Bayer trabalha para lançar a plataforma Preceon Smart Corn System®, com plantas de altura reduzida em cerca de 30%. O sistema visa oferecer aos agricultores mais proteção, através de um menor risco de acamamento e tombamento, trazendo mais flexibilidade no manejo da cultura durante o desenvolvimento da lavoura proporcionando um o mais facilitado pelo porte de milho ser mais baixo. Esses benefícios de maior estabilidade, segurança e flexibilidade poderão ser combinados a um sistema de recomendações e prescrições para auxiliar o agricultor na população ideal de plantio, na escolha do talhão mais adequado e na melhor recomendação do uso de insumos, aumentando as chances de incrementar a produtividade.
Em algodão, cultura em que o Brasil assumiu a liderança no ranking mundial de exportações, a companhia lançou a plataforma Bollgard® 3 XtendFlex®, que eleva a proteção contra plantas daninhas, com tolerância aos herbicidas dicamba e glufosinato de amônio, e já trabalha no desenvolvimento e nos testes da próxima geração dessa biotecnologia.