Desde muito tempo tenho uma iração pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o BNDES. Acredito que é um privilégio o Brasil possuir uma instituição como essa com um corpo técnico sempre tão qualificado. Uma instituição que possibilite a intermediação financeira é muito saudável para o equilíbrio da economia.
Fomentar o desenvolvimento econômico de longo prazo, contribuindo para a melhoria da infra-estrutura nacional e da industrialização através de uma taxa de juros de longo prazo reduzida parece justo. O custo compensa.
O problema, mais uma vez, começa quando o estado utiliza-se do comando de uma estatal com papel tão importante para garantir interesses eleitoreiros. Roberto Campos, um dos fundadores do banco chegou a dizer: “Graças ao recrutamento por concurso público, o BNDES manteve uma saudável tradição meritocrática, com nível técnico bastante satisfatório. Não escapou, naturalmente, ao vício do burocratismo e complacência com a irrupção do nacional- estatismo.”
O critério a partir daí sofrerá sempre influência ideológica, caso contrário não seriam injetados tantos bilhões em meia dúzia de empresas como a JBS, por exemplo.
Mais de 70% dos desembolsos subsidiados do BNDES vão para grandes empresas quando deveria ser o contrário. A maior parte dos empréstimos deveria dar condições para empresas com maior necessidade de subsídio incentivando a concorrência e possibilitando um certo equilíbrio no mercado nos mais variados setores. Mas, o que acontece é justamente o oposto.
Se através de instituições como essas esperamos um mercado mais justo, sob o comando de pessoas erradas pode criar o efeito contrário dando e a ainda mais desigualdade. O “capitalismo de estado” tem servido para concentrar renda e beneficiar grandes empresários, além de canalizar recursos com viés ideológico.
Olhando mais de perto, considerando o volume de empréstimos do banco (R$ 600 bilhões), bem como a diferença entre a taxa a que o banco empresta (a TJLP, 7% ao ano) e o custo desses empréstimos para o Tesouro Nacional (a Selic, 10,25% ao ano), o subsídio consome cerca de R$ 26 bilhões/ano.
O bolsa empresário custa o mesmo que o bolsa família e também redistribui renda, só que na contramão. Os recursos saem de todos os contribuintes para as mãos de empresários ricos.
Além disso, empresas que têm o ao BNDES sofrem menos com as alterações das taxas de juros, sugerindo que o crédito subsidiado reduz a eficácia da política monetária, isto é, requer uma Selic mais alta para compensar o efeito da TJLP mais baixa.
Enfim, é novamente o estado fazendo uma lambança, distorcendo o objetivo das instituições, agravando os problemas da economia nacional e marginalizando empresas e pessoas em prol dos interesses de pequenos grupos, fomentando injustiças.